terça-feira, 22 de abril de 2014

Qual é a origem do nome "Lua de Sangue"?

Fonte: Marcello Casal Jr./Agência Brasil.

Você já deve ter ouvido alguém atribuir o nome "Lua de Sangue" ou "Lua Sangrenta" ao ultimo eclipse ocorrido (15 de abril), mas já se perguntou o porquê de tal nome?

Há passagens na bíblia que parece explicar o tal nome:

"Observei quando ele abriu o sexto selo. Houve um grande terremoto. O sol ficou escuro como tecido de crina negra, toda a lua tornou-se vermelha como sangue" (AP 6:12);

"O sol se tornará em trevas, e a lua em sangue, antes que venha o grande e temível dia do Senhor" (Joel 2:31).

Um pastor americano chamado John C. Hagee (que tem uma página no Wikipedia) escreveu um livro chamado Four blood moons: Something Is About to Change (Quatro luas de sangue: algo está prestes a mudar, em tradução livre) que fala sobre a relação das "luas de sangue" com a passagem bíblica acima (Joel 2:31).

O primeiro eclipse do ano (15 de abril) faz parte de uma tétrade, que é considerada especialmente significativa, porque coincide com duas importantes festividades judaicas: a Páscoa ou Pessach, que celebra a fuga dos hebreus da escravidão no Egito, e a Festa dos Tabernáculos, que remete ao tempo vivido em tendas, durante a peregrinação pelo deserto.

Porém, a tétrade é um fenômeno perfeitamente explicado e previsível: só neste século serão oito, sendo a que se iniciou neste ano a segunda delas. "O calendário judaico é baseado na Lua, e eventos festivos comumente correm em dias de Lua cheia, quando também há eclipses. Por essa razão, os eclipses eventualmente coincidem com essas datas", explica Gustavo Rojas, astrofísico da Universidade Federal de São Carlos.

"Cor de Sangue":
Evolução de um eclipse total da Lua. Nas duas imagens acastanhadas, o tempo de exposição foi muito maior que nas fases parciais porque a lua está a atravessar a umbra (a parte mais escura da sombra do nosso planeta).
Fonte: AstroPT.
Em termos leigo, eclipse lunar ocorre quando a lua passa pela umbra (a parte mais escura da sombra do nosso planeta) da terra, o oposto ocorre com os eclipse solar, que ocorre quando a Lua passa entre a Terra e o Sol.

Durante um eclipse total da Lua, este astro não desaparece na sombra do planeta, fica muito mais escuro mas ainda é iluminado por essa luz que a nossa atmosfera dispersa e refracta, comportando-se como uma lente gigante.

Observe a ilustração (do ultimo eclipse) abaixo para ter um melhor entendimento:


Repare na "bola" vermelha na ilustração acima, ela é a umbra da terra. Quando a lua (os vários círculos da ilustração) passa pela umbra, ela adquire a "cor de sangue" que vemos durante o eclipse lunar.

Fonte: AstroPTVeja, Bíblia Sagrada Online¹ Bíblia Sagrada Online².

Obs: Caso ache um erro neste post, avise nos comentários, pois assim estará ajudando a melhorar este blog, que tem como objetivo a divulgação científica.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Nova entra em erupção na constelação Centauro e pode ser vista a olho nu

Nova Cen 2013
O ano de 2013 tem sido afortunado para os apaixonados por astronomia que, como nós, vivem no hemisfério sul. Pela segunda vez, nós temos a possibilidade de observar a olho nu uma nova entrando em ação. Desta vez, a premiada com a explosão foi a constelação austral de Centauro, que está bem diferente desde o início da semana passada, quando uma nova brilhante foi identificada na região.

Nova é uma explosão nuclear cataclísmica em uma estrela, causada pela acreção de hidrogênio à superfície de uma anã branca, levando à ignição e iniciando a fusão nuclear. As novas não devem ser confundidas com as supernovas, que surgem após a explosão de estrelas com mais de dez massas solares, ou com as novas luminosas vermelhas, que nascem da união de duas estrelas e emitem um brilho na cor característica.

A descoberta inicial da Nova Centauri 2013 (ou Nova Cen 2013) foi feita pelo observador John Seach, com base em Chatsworth Island, New South Wales, na Austrália. A descoberta preliminar da Nova Cen 2013 a identificou como de magnitude 5,5, um pouco acima do que torna possível a visibilidade a olho nu a partir de um local que tenha um bom céu escuro.

Conforme estimativas prévias, novos observadores já reclassificaram a Nova Cen 2013 com uma magnitude ainda maior. No dia seguinte à descoberta, 3 de dezembro, Ernesto Guido, Nick Howes e Martino Nicolini mostraram que a Nova Centauri 2013 havia evoluído e estava três vezes mais brilhante, passando de 5.5 para 4.7 de magnitude – quanto menor o número, maior o brilho.

Animação que compara a constelação austral de
Centauro antes e depois da nova
As primeiras notícias da novidade foram divulgadas pela Associação Americana de Observadores de Estrelas Variáveis ​no mesmo dia 3, quando o aviso de alerta 492 foi emitido. Fundada em 1911, a AAVSO (sigla em inglês para American Association of Variable Star Observers) é uma fonte importante para informações e um bom exemplo de colaboração amador no esforço para realizar a observação científica real.

Seguintes à descoberta, medições de espectros feitas por Rob Kaufman, em White Cliffs, Austrália e Malcolm Locke, em Christchurch, Nova Zelândia demonstraram a presença de forte linhas de emissão de hidrogênio alfa e beta, a marca clássica de uma nova erupção. Como a Nova Delphini 2013, testemunhada por observadores em agosto passado, esta é uma nova do tipo “garden” localizada em nossa própria galáxia, se deslocando, como observado, ao longo do plano galáctico da nossa perspectiva terrestre.

Algumas novas são vistas a cada ano, mas uma conflagração estelar alcançando tal visibilidade a olho nu é algo digno de nota. Na verdade, a Nova Cen 2013 já está estre as 20 novas mais brilhantes avistadas na história, já que no último dia 5, a AAVSO informou que a sua magnitude havia caído ainda mais e atingido 3,5.

Tal acontecimento não deve ser confundido com o histórico das supernovas, a última das quais observada em nossa galáxia foi a Supernova de Kepler, em 1604, pouco antes do advento do telescópio na astronomia moderna. Supernovas são vistas em outras galáxias o tempo todo, porém, por aqui, pode-se dizer que ficamos “devendo”.

Então, quem pode ver Nova Cen de 2013, e quem está de fora? Bem, as coordenadas para a nova são:
Ascensão Reta: 13 horas 54′ 45″
Declinação: -59°S 09′ 04″

Isso a coloca no fundo do céu do hemisfério celestial sul, onde a constelação de Centauro se aproxima das constelações de Circinus, Musca e Crux. Localizada a três graus da estrela Hadar, de magnitude 0,6 – também chamada de Beta Centauri – seria possível capturar a nebulosa Saco do Carvão e o aglomerado globular de estrelas Omega Centauri, corpos celestes do céu profundo do sul, com a Nova Cen 2013 no mesmo campo de visão amplo.

De Guayaquil, no Equador, logo abaixo da linha do Equador, a nova nasce para o sudeste perto das 3 horas da manhã no horário local, e fica 20 graus acima do horizonte ao amanhecer.

A nova terá formato circumpolar para os observadores ao sul de -30° de latitude, incluindo as cidades de Buenos Aires, Cidade do Cabo, Sydney e Auckland. Latitudes como as que se equiparam à Nova Zelândia terão as melhores vistas da Nova Cen 2013. Baseados próximos da latitude 40° sul, os observadores poderão ver a nova cerca de 10° acima do horizonte sul com o menor culminar algumas horas depois do sol, caminhando para 40° acima do horizonte sudeste ao nascer do sol.

Nova Cen vista a partir do céu de São Paulo
Tudo indica que a Nova Cen 2013 seja uma nova clássica, uma estrela anã branca incorporando matéria de uma companheira binária até que uma nova rodada de fusão nuclear ocorra. Novas recorrentes, tais como T Pyxidis ou U Scorpii, podem entrar em erupção de forma irregular desta forma e estender esse comportamento ao londo de décadas.

Até o momento, não há nenhuma medida de distância consistente para a Nova Cen de 2013, embora o projeto EVLA Nova Projec procure fazer exatamente isso.

Parabéns a John Seach por sua descoberta, e aos apaixonados por estrelas que vivem sob o céu austral, não se esqueçam de conferir esta maravilha astrofísica!

Fonte: [Universe Today / AAVSO / HypeScience]

O início do universo teria sido um ambiente melhor para a vida evoluir?

O astrônomo da Universidade de Harvard (EUA), Avi Loeb, recentemente publicou um artigo sobre como a vida poderia ter florescido quando nosso universo de 13,8 bilhões de anos tinha apenas 15 milhões de anos. Naquela época, todo o universo era mais quente – o que significa que a água em seu estado líquido pode ter existido mesmo em planetas que estavam distantes de suas estrelas.

No resumo de seu artigo, Loeb explica sua hipótese brevemente: “Na faixa de redshift 100<(1+z)<110, a radiação cósmica de fundo (CMB, do inglês “cosmic microwave background”) tinha uma temperatura de 273-300K (0-30 graus Celsius), permitindo que nos primeiros planetas rochosos (se existissem) tenha existido água líquida química na sua superfície e serem habitáveis, independentemente do quão distantes estivessem de uma estrela. Os primeiros halos de formação de estrelas começaram a desmoronar nestes redshifts, permitindo que a química da vida, possivelmente, começasse quando o universo tinha meros 15 milhões anos de idade”.

Embora muitas vezes pensemos no início do universo como inóspito, Loeb observa que, se planetas rochosos tivessem existido, teria sido um grande momento para viver neles. Não importa onde estivessem no universo, teriam sido banhados em calor constante, sem a necessidade de depender de uma estrela para obtenção de energia. E o calor também teria feito da água da superfície um líquido, o que ajudaria a vida como a conhecemos a se desenvolver.

Mas ainda há uma pequena questão – a densidade da matéria era “um milhão de vezes maior do que é hoje”, de acordo com Loeb. O cientista afirma que é difícil dizer se isso seria ou não um problema para o desenvolvimento da vida. Certamente teria feito a nossa visão dos céus muito diferente e mais brilhante.

A parte triste sobre contemplar a ideia de Loeb é que faz você se perguntar se o universo estava repleto de vida naquela época – e se nós somos apenas as tristes sobras que acabaram por evoluir na era pós-vida. Ou seja, todos os nossos amigos em potencial no universo poderiam ter vivido (e eventualmente morrido) há bilhões de anos.

Fonte: [io9 / HypeScience]

domingo, 13 de outubro de 2013

Água encontrada em asteroide indica existência de exoplanetas habitáveis

Astrônomos anunciaram a descoberta da primeira evidência de água em um corpo celeste rochoso vindo de fora do Sistema Solar.

Através dos destroços de um asteroide que orbitava uma estrela exaurida – ou anã branca –, os cientistas determinaram que a estrela GD 61 e seu sistema planetário, localizado a aproximadamente 150 anos-luz do nosso planeta e em seus últimos momentos de vida, têm o potencial de abrigar exoplanetas semelhantes à Terra.

Essa é a primeira vez que tanto água quanto uma superfície rochosa – dois aspectos considerados fundamentais para a existência de planetas habitáveis e, portanto, vida – foram encontrados juntos além do nosso sistema solar.

A Terra é essencialmente um planeta "seco", com apenas 0.02% de sua massa contendo água de superfície, o que significa que oceanos surgiram depois que o planeta tinha se formado: provavelmente quando asteroides cheios de água vindos do Sistema Solar colidiram contra o nosso planeta. Pesquisadores das universidades de Cambridge e Warwick que publicaram o estudo na revista Science acreditam que o mesmo "sistema de entrega" de água possa ter ocorrido no distante sistema solar dessa estrela.

Evidências obtidas com base em análises do telescópio espacial Hubble e do observatório astronômico Keck, no Havaí, sugerem que esse sistema continha um tipo similar de asteroide rico em água – o mesmo que teria trazido o elemento pela primeira vez à Terra. O corpo celeste analisado é composto por 26% de água em sua massa, quantidade bastante parecida à de Ceres, outrora considerado o maior asteroide do Sistema Solar e hoje um planeta anão. Ambos têm muita mais água em sua composição do que a Terra.

"A descoberta de água em um grande asteroide significa que a 'pedra fundamental' de planetas habitáveis existiu – e talvez ainda exista – no sistema da GD 61, e provavelmente também ao redor de um número significativo de estrelas similares", afirmou Jay Farihi, do Instituto de Astronomia de Cambridge, um dos autores da pesquisa.

Os astrônomos descrevem a descoberta como "um olhar para o nosso futuro" já que, daqui a seis bilhões de anos, talvez, astrônomos de outros planetas estudando os destroços ao redor do Sol – então extinto, sem hidrogênio – poderão chegar à mesma conclusão: que os planetas terrestres uma vez orbitaram a nossa estrela-mãe.


Fonte: [Terra / AstroNews]

Astrônomos descobrem planeta solitário sem estrela

Ilustração artística do planeta PSO J318.5-22.
Astrônomos anunciaram na quarta-feira a descoberta de um planeta solitário fora do sistema solar, flutuando sozinho no espaço e sem girar na órbita de uma estrela. Chamado PSO J318.5-22, o planeta está apenas a 80 anos-luz da Terra e tem seis vezes a massa de Júpiter. Formado há 12 milhões de anos, ele é considerado novo entre os seus pares.

"Nunca tínhamos visto um objeto a flutuar livremente no espaço com esse aspecto. Tem todas as características dos jovens planetas descobertos ao redor de outras estrelas, mas vagueia completamente só", disse o chefe da equipe de pesquisadores, Michael Liu, do Instituto de Astronomia da Universidade do Hawaii, em Manoa. "Questionei-me muitas vezes se esses objetos solitários existiriam e agora sabemos que sim", acrescentou.

Os pesquisadores, cujo trabalho foi publicado no Astrophysical Journal Letters, acreditam que o novo planeta tenha uma massa mais leve que a dos demais corpos que flutuam livremente.

Durante a última década, os cientistas descobriram cerca de mil planetas extrassolares, mas apenas meia dúzia foi observada diretamente, já que muitos giram em torno de jovens estrelas, a menos de 200 milhões de anos e emitem muita luz.

Fonte: [Terra / AstroNews]
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